A inclusão de pessoas surdas não significa
somente adotar a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), ou providenciar um
tradutor / intérprete em sua sala de aula. Está muito, além disto, o surdo
necessita de um ambiente rico em estímulos que lhe sejam adequados, que
provoque modos de pensar e agir, fazendo com que haja a exploração de todas as
suas possibilidades e capacidades.
Segundo Damázio (2007), são três as tendências
subjacentes à educação de pessoas com surdez: A oralista, a comunicação total e
abordagem por meio bilinguismo, que por sua vez apresentam características
diferenciadas.
A Oralista:
Busca capacitar o aluno surdo a utilizar a língua local da comunidade por uso
da voz e da leitura labial. Esta tendência pode provocar uma dificuldade de
relacionamento, discriminação da cultura surda, leva a negação da diferença e
pode também ocasionar déficits cognitivos.
A Comunicação total: Considera as características
da pessoa com surdez e utiliza toda e qualquer possibilidade de comunicação,
visando à melhora das relações sociais. Lança mão da linguagem gestual visual,
de textos orais, de textos escritos e interações sociais. O contraponto desta
tendência é que ela pode promover ao invés da inclusão, uma segregação por
deficiência.
E a abordagem educacional bilíngue, visa
capacitar a pessoa surda para utilização de duas línguas (Libras e Língua
portuguesa oral e escrita) na rotina escolar e na vida social, em que surdos e
ouvintes convivem no mesmo espaço e partilham das mesmas situações de
aprendizagem. Damázio (2007).
Para Damázio e Ferreira (2010) enquanto as
discussões ficam centradas na aceitação de uma língua ou de outra, as pessoas
com surdez não têm o seu potencial individual e coletivo desenvolvido, ficam
relegadas a segundo plano, descontextualizadas das relações sociais das quais
fazem parte, por conseguinte excluídas.
A surdez é uma deficiência que leva o indivíduo a
ter perda total ou parcial da percepção sonora devendo ser verificado também em
que momento ela se manifestou, se antes ou após a aquisição da linguagem oral e
quais as prováveis causas como também os diferentes graus de perda auditiva,
entre outros determinantes (MILANEZ, 2011).
Conforme observado por Damázio (2007) há uma inconstante
definição quanto às propostas educacionais do surdo no sistema de ensino. Ora
tais propostas estão para sua inserção na escola regular ou classes especiais,
ora na escola especial.
As políticas educacionais adotadas pelo sistema
de ensino do país para inclusão do surdo nas suas instituições de ensino
regular parecem pouco eficazes aos olhos de diversos segmentos da sociedade,
inclusive de surdos, que rejeitam as propostas por acreditarem que invés de
inclusão o sistema passa a promover ainda mais a exclusão, por não ter em sua
rede escolas estruturadas para atender as suas peculiaridades.
As tendências linguísticas difundidas no meio
educacional visando prover a inclusão do surdo de forma a promover a sua
interação, comunicação com os membros de sua comunidade vão se alternando ao
longo da história, para tanto o Decreto 5.626/05 que regulamentou a Lei nº 10436/2002
da Língua Brasileira de Sinais, prevê a organização de turmas bilíngue,
constituídas por alunos surdos e ouvintes onde as duas línguas: Libras e Língua
Portuguesa são utilizadas no mesmo espaço educacional.
A lei também define que para os alunos com surdez
a primeira língua é a Libras e a segunda é a Língua Portuguesa na modalidade
escrita, além de orientar para a formação inicial e continuada de professores,
formação de intérpretes para a tradução e interpretação de Libras e o ensino
bilíngue na escola regular (MEC/SEESP, 2001).
Neste sentido vale refletir sobre à inclusão de pessoas com surdez, observando e valorizando a capacidade do aluno de frequentar e aprender em escolas comuns, buscando sempre novas práticas educacionais na escola comum brasileira.
Referência Bibliográfica
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